Para entendermos melhor o biofeedback e a consciência muscular, vamos aplicá-los às disfunções do assoalho pélvico, que consistem em uma ampla gama de problemas que surgem quando a musculatura do assoalho pélvico não funciona adequadamente.
Para que os músculos funcionem adequadamente é necessário:
- Força(capacidade de apertar)
- Resistência (capacidade de segurar este aperto por um bom tempo);
- Explosão (capacidade de contrair e relaxar rápido);
- Coordenação motora (capacidade de contrair de jeitos diferentes);
- Propriocepção (capacidade de sentir a sua própria Musculatura do Assoalho Pélvico – MAP relaxada e se movendo).
Reeducação da Musculatura do Assoalho Pélvico
A reeducação dos músculos do assoalho pélvico pode tratar as disfunções e acabar com os incômodos. Vários recursos podem ser utilizados para isso. Entre eles, estão exercícios de fortalecimento para que os músculos do assoalho pélvico voltem a funcionar bem.
Quando feitos regularmente, os exercícios para assoalho pélvico ajudam a prevenir a incontinência urinária e o prolapso.
Pensava-se que bastava treinar os músculos do assoalho pélvico – MAP para reabilitar o paciente, mas pesquisas recentes tem apontado para uma relação sinérgica entre a musculatura pélvica e abdominal (Abdomino-Pélvica).
A atividade sinérgica entre os MAP e os abdominais possibilita o desenvolvimento de uma pressão de fechamento adequada e importante para manter a continência urinária e fecal. Alguns estudos demonstram que, durante a contração voluntária dos MAP, ocorre uma co-ativação dos músculos transversos abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo e reto abdominal, ocasionando um aumento da pressão esfincteriana.
Sucesso do Tratamento
Controlar a atividade dos músculos pélvicos e abdominais durante a reabilitação torna-se fundamental para atingir sucesso na terapia. Neste contexto, é extremamente importante o paciente :
- Ter boa consciência dos Músculos do Assoalho Pélvico – MAPs
- Ter boa consciência dos Músculos Abdominais – Transverso do Abdômen
- Ter respiração diafragmática adequada – contração MAPs e abdômen na expiração
- Postura correta para realização dos exercícios abdominais
Consciência Muscular e Biofeedback
A maior dificuldade do treino dos Músculos do Assoalho Pélvico – MAP é fazer com que o paciente perceba o exercício que está fazendo: se está contraindo a musculatura certa, se está contraindo com força suficiente. O jeito mais moderno e eficiente de se ensinar essa contração é utilizando um dispositivo tecnológico chamado de biofeedback.
O biofeedback consiste em um equipamento que seja capaz de fornecer uma resposta visual e/ou sonora durante o exercício permitindo que o paciente perceba e tenha consciência do seu corpo e musculatura.
Para pacientes que têm pouca ou nenhuma “sensação” da musculatura do assoalho pélvico, o biofeedback pode ser uma das melhores escolhas de tratamento para o paciente primeiramente identificar a musculatura correta que deve ser ativada durante o exercício.
Benefícios do Biofeedback
A utilização do biofeedback de EMGs na prática clínica apresenta vários benefícios, tanto para o paciente, quanto para o terapeuta:
Para o Paciente:
- Aumentar a consciência da atividade psicofisiológica, reação e recuperação da estimulação;
- Aumentar auto-eficácia e confiança na sua capacidade de auto-regulação psicofisiológica;
- Aprender a usar o relacionamento entre pensamento, comportamento e funcionamento fisiológico;
- Desenvolver auto-regulação psico-fisiológica geralmente não aprendida sem esta informação, tornando a aprendizagem destes procedimentos mais rápida;
- Fornecimento de uma terapia não farmacológica, segura e eficaz.
Para o Terapeuta:
- Fonte valorosa de diagnóstico e informação terapêutica;
- Velocidade e a continuidade com que a informação é fornecida ao terapeuta e ao paciente;
- Avaliação e documentação de mudanças psico-fisiológicas durante a sessão e o tratamento;
- Aumentar o interesse e a confiança profissional para promover terapias auto-regulatórias psico-fisiológicas;
- Quantificar os resultados da atividade muscular;
- Fornecer ao terapeuta através de gráficos e traçados, a função e disfunção muscular;
- Calibrar a resposta do paciente mediante a instrução verbal do terapeuta;
- Observar se o paciente atingiu o objetivo, mediante a visualização gráfica.
Esquemático do Biofeedback
O Biofeedback consiste na interação de paciente, terapeuta e equipamento conforme esquemático abaixo: